Talento reconhecido
Egresso do fotojornalismo, João Salamonde se destaca nos casamentos
Alcides MafraPor André Teixeira
A versatilidade do fotojornalismo aplicada à fotografia social. Com essa receita, e um bocado de talento, João Salamonde vem conquistando espaço e prestígio no concorrido mercado de casamentos – posição que a conquista do Prêmio Wedding Brasil de 2010 só veio confirmar, e que mereceu muita comemoração. "Foi o resultado de um trabalho feito com amor, mas que foi preciso também contar com técnica e conhecimento, além de estar no lugar certo, na hora certa. É uma imensa satisfação", explica.
O caminho até a consagração que um prêmio desse porte representa – o concurso teve mais de mil imagens inscritas, de profissionais de todo o país – é longo. "Comecei a fotografar muito cedo, mas com máquinas que não tinham muitos recursos. Gostava muito de viajar e de registrar os lugares que visitava. Não tinha a pretensão de trabalhar com fotografia, mas o que era meu hobby acabou ficando mais sério que o meu trabalho, e as coisas acabaram se invertendo", conta.
A fotografia de casamento entrou por acaso em sua vida. Depois de alguns cursos e muita leitura, começou a trabalhar com fotojornalismo. "É um estilo em que o espontâneo é a chave-mestra", afirma. Fotografou eventos, retratos, modelos, produtos e, claro, social. "Daí para o casamento foi um pulo", conta. "Gosto muito de fotografar momentos emocionantes e importantes para as pessoas, saber que o meu registro ficará para sempre", completa. O fotojornalismo, porém, não foi ficou totalmente de lado: "Continuo trabalhando com empresas e para as agências Pedra Viva e Ginga Fotos, além de dar aulas particulares de fotografia, Lightroom e Photoshop", diz João.
Com tantas atividades, o difícil é organizar a agenda, até porque ele se envolve em todo o processo, do orçamento à montagem dos álbuns. Trabalha com a esposa, Clara, que cuida da parte administrativa, e Humberto Souza, que divide com ele as fotos dos casamentos, além da Design com design, empresa que cuida da diagramação dos álbuns. "Todos os profissionais acabam tendo influência no resultado, pois dependo do trabalho deles para conseguir boas fotos, da maquiagem da noiva até a decoração", comenta.
Salamonde fotografa do making-of – "é o tempo que tenho para conhecer melhor a noiva e deixá-la mais tranquila" – à festa, onde consegue as fotos mais espontâneas. "Em geral, fico de dez a doze horas fotografando", afirma. Ele usa equipamento Nikon – câmeras D300 e D700, dois flashes e objetivas 12-24, 24-70 e 80-200mm. "É essencial ter equipamento reserva", ensina.
Ele não gosta de trabalhar com segunda luz. "Prefiro trabalhar com a luz ambiente, mesclada com a do flash e muitas vezes a do vídeo. Algumas vezes uso o sistema de flash remoto da Nikon, que é excelente e me dá uma liberdade muito grande. Adquiri essa experiência com o fotojornalismo, em que não se usa muitos equipamentos, muito menos um assistente", destaca.
Uma sessão de fotos de casamento custa, em média, R$ 4 mil. No cálculo desse valor, diz o fotógrafo, estão incluídos o custo de diagramação do álbum, tratamento das imagens, depreciação e seguro do equipamento, tempo gasto fotografando e em reuniões com noivos e os gastos com anúncios e cursos de especialização. "Até livros e revistas, além de viagens para feiras e workshops, entram nessa conta", revela.
João acredita que a melhor propaganda – e mais barata – é o famoso boca-a-boca. "Mas, até chegar ao ponto de poder contar apenas com ela, é preciso utilizar outros recursos, por isso eu anuncio em revistas e sites especializados. Só é preciso tomar cuidado para não gastar toda a sua verba com anúncios, pois eles só geram resultados se você tiver um bom portfolio para apresentar. Uma boa página na Internet e o bom posicionamento dela nos sites de busca também são essenciais", aconselha.
Além do clássico álbum, entrega um DVD com todas as fotos em alta e baixa resolução para os noivos. Ele também cria um álbum on-line, em seu site, onde coloca todas as fotos que fez no casamento (entre 800 e mil imagens), e publica algumas em seu blogue. Ele mesmo cuida do tratamento das imagens – "sou um pouco ciumento com as minhas fotos", brinca –, que recebem ajustes de cor, contraste e exposição, e, em alguns casos, viradas de cor ou conversão para preto e branco. Sem, no entanto, muita manipulação: "É normal fazer certos ajustes – assim como acontecia com as fotografias em filmes, que eram "tratadas" em laboratório –, mas procuro não mexer muito nelas, pois se trata do registro de um evento real. É diferente de uma foto de publicidade ou de moda. No casamento, a pessoa quer se ver como realmente é. Gosto de pensar em cada clique para que ele saia praticamente pronto", assegura.
Ele também oferece slideshows, ensaios externos com o casal – que podem ser realizados antes ou depois do casamento – ensaios em estúdio, mini-álbuns para presentear os pais e sogros, quadros com fotos dos noivos e álbuns extras. Um pacote de serviços que, se toma boa parte do seu tempo, com todos os problemas que isso acarreta ("a grande dificuldade é conseguir conciliar a agenda apertada com o lazer e a família"), lhe traz um retorno que vai muito além do financeiro. "O grande barato é conhecer pessoas bacanas e fazer parte da história delas. Ver sonhos acontecerem e poder registrá-los é o ponto máximo do meu trabalho", conclui.
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